Nós, eleitores de Roseno insatisfeitos com o voto nulo, escolhemos Renato Roseno (Psol) para prefeito no primeiro turno das eleições de Fortaleza, porque acreditávamos que o mesmo possuía um programa de governo em sintonia com a demanda da maioria da população fortalezense. Participamos da campanha, apoiamos vereadores da legenda, realizamos panfletagem, discutimos na internet, fomos às ruas e às praças.
Entretanto, temos que admitir que, mesmo com a significativa vitória da eleição de dois vereadores do Psol, os mais de 148 mil votos para Prefeito, apesar de expressivos, não foram suficientes para levar Roseno à prefeitura – insuficiência essa advinda de um jogo eleitoral desigual. Ganhamos algumas partidas, mas perdemos o primeiro turno do “campeonato”.
É preciso reconhecermos e admitirmos isso, apesar de não ser uma tarefa fácil para quem acordou cedo, perdeu aula, se atrasou no emprego e faltou compromissos durante as eleições. Mas jogos são jogos, e eles continuam independentemente da derrota de alguns. E nesse “campo de futebol” chamado democracia as regras são claras: ou se está de um lado, ou se está de outro. E hoje, de um lado dessas eleições temos Elmano de Freitas (PT), e de outro, Roberto Cláudio (PSB).
Diante disso, o que nós, eleitores do Roseno, insatisfeitos com o voto nulo, devemos fazer?
Recentemente, o candidato representante do projeto político mais conservador de Fortaleza, Moroni Torgan (DEM), declarou apoio explícito à candidatura de Roberto Cláudio. Isso por si só já é um sinal claro de que as duas candidaturas não são as mesmas. A possibilidade de Moroni compor a equipe municipal de Roberto Cláudio já é um alerta de que não devemos deixar passar essa aliança. Imaginem como seria o protofascismo de Moroni compondo algum cargo relativo à segurança pública municipal? Além disso, a candidatura de Roberto Cláudio é uma afronta à democracia porque representa o continuísmo de políticas oligárquicas e excludentes dos Ferreira Gomes. Estamos em um momento crucial de não deixar essa 'política do curral', tão comum no antigo governo Jereissati, voltar a assolar Fortaleza e todo o Estado.
Mas não é só a indignação e receio diante dessa situação que nos movem a continuar nesse jogo eleitoral e assumirmos uma posicionamento. Sabemos das contradições e erros do governo petista ao longo desses oito anos de gestão, reconhecemos que as bandeiras que levantamos na candidatura do Roseno vão de choque a muita das bandeiras levantadas pelos petistas. Entretanto, nesse jogo democrático que já comentamos, há um constante “empurra e puxa”: não há governança sem erros e retrocessos como também não há uma posição neutra – o neutro sempre está do lado do mais forte.
Os dirigentes do Psol orientaram aos simpatizantes a não votarem em nenhum dos dois candidatos. Aos filiados foi vedada a participação em ambas as campanhas. Mas, nós, os eleitores do Renato Roseno insatisfeitos com o voto nulo, não esquecemos o que ele nos ensinou em suas falas durante seus discursos: “Não somos máquinas, somos insurgentes”. E essa carta, hoje, é um chamado a essa insurgência, a essa desobediência, se necessária, até às ordens do Partido Socialismo e Liberdade, ao qual temos profunda admiração e respeito. Não vamos abandonar o jogo eleitoral no momento em que ele mais precisa de participantes.
Nesses acréscimos do segundo tempo, viemos nos posicionar a fim de pressionar e lembrar as pautas históricas dos movimentos sociais, a fim de recordarmos que a política não é feita somente de quatro em quatro anos – ela é feita, também, cotidianamente, na base. Viemos por meio dessa carta expressar nosso apoio à candidatura de Elmano de Freitas (PT) para prefeito de Fortaleza, não pela “teoria do menos pior”, mas pela “prática do pressionar pelo melhor”, pela prática do lutar pelo possível. Vamos pressionar, junto a um possível homem de Estado, um compromisso efetivo com a população e “puxá-lo”, caso esteja do lado dos poderosos em alguns momentos, para o lado dos oprimidos. Vamos “puxá-lo” para que não escute somente a especulação imobiliária, para que respeite o direito das famílias atingidas pelos megaeventos, para que se posicione contra o empreguismo eleitoral, para que respeite o Plano Diretor, para que cumpra as demandas dos movimentos sociais e do povo fortalezense. Vale observar que não queremos cargos se Elmano for eleito – inclusive registramos aqui nosso “não” enfático a essa possibilidade.
Votaremos em Elmano para prefeito porque estamos insatisfeitos com o voto nulo. Apesar de reconhecermos um relativo peso político no “voto nulo de protesto” de alguns, ainda sim preferimos o “voto crítico” em Elmano. Justificamos ainda que votar em Elmano não quer dizer necessariamente uma concordância total com seu projeto político e tampouco um “vender a alma” a nova gestão. A aliança do Psol em Macapá com o DEM e a recente declaração de Plínio (PSOL) colocando a candidatura do Serra (PSDB) como melhor que a de Haddad (PT) em São Paulo demonstram que a política não é um campo asséptico – todos estão sujeitos às imperfeições, e é assim que funcionam a vida e o exercício político.
Justificamos também nossa escolha ao lembrarmos os milhares de homens e mulheres que foram assassinados, desaparecidos e torturados durante a Ditadura Militar, para que hoje possamos exercer algo tão trivial para alguns: o voto. Anular voto pra nós é um retrocesso a esses homens e à História.
Com todo respeito aos eleitores que optaram pelo voto nulo, conclamamos a todos os/as eleitores/as de Renato Roseno a nos posicionarmos criticamente em torno da candidatura de Elmano, a fim de podermos nos colocar numa oposição madura para além da “pedra na vidraça”. Convidamos a todos a continuarmos nesse jogo e espalharmos essa “Carta de apoio” em toda Fortaleza e, no dia 28 de outubro, votarmos em Elmano de Freitas, 13, para prefeito.
É preciso ter coragem, é preciso estar atento e forte!
Com olho no olho, nada é impossível de mudar!
Fortaleza, 18 de Outubro de 2012
Assinam inicialmente essa carta:
Alexandre de Albuquerque Mourão, Psicólogo e Mestrando em Educação UFC
Angelo Antonio Gadelha Sampaio, Estudante de Educação Física UFC
Bruno Cidade Barros, Estudante de Educação Física - Bacharelado
Daniel Rodrigues Sampaio, Desempregado
Fabrício Leomar Lima Bezerra, Estudante de Educação Física UFC
Janaína de Freitas Matias da Costa, Psicóloga
José Cláudio P. Cavalcante Filho, Militar
Lise Lopes Lima, Psicóloga
Luiza Santos Pontello, Professora de Matemática do IFCE - Mestra em Educação – UECE
Maria Catarina Santos Araújo, Psicóloga
Maria Izabela Silva Nobre, Farmacêutica
Solange Pitombeira, Artista
Soraya
Anita Mendes de Sá, Estudante de Educação Física – Licenciatura
Continua...
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