VIDA....
Na minha infância e não faz tanto tempo assim - algumas décadas apenas se passaram – tive a oportunidade de conhecer espécimes que atualmente estão sob o risco de extinção.
Muito se deve a ausência de uma política pública para o meio ambiente, muito mais preocupados estavam os governantes em multar ou proibir. As multas pouca gente sabe o destino que lhes atribuíram e o ato de proibir – perdoem-me – passou batido. Os argumentos dessa omissão deliberada são vários. Nos estados com grande cobertura vegetal, por exemplo, houve o incentivo pela derrubada das matas, sem muitos regramentos, para que fosse substituída por agricultura ou pecuária.
O plantio ou o passo do boi estão – quase – dentro do leito dos rios, córregos e nascentes que vão minguando até deixarem de existir. Tudo era encantamento. Aumento da produção e lucro, mas, um dia a conta chegaria. Chegou amarga, trazendo com ela a constatação científica de uma dependência cada vez maior de adubos e de agrotóxicos, reduzindo a margem de lucro e aumentando a margem de riscos a sustentabilidade. Somos amplamente favoráveis ao aumento da produção, pois quando mais alimento produzido é tendência que seja igualmente mais rica a mesa do trabalhador, ou pelo menos, mais acessível sejam os bens essenciais a vida.
No entanto, produção de alimentos não significa a necessidade de colocar em risco demasiado a vida das pessoas que trabalham no campo, nem decretar a extinção de espécies nativas pela ofensa a qualquer regramento que imponha reserva legal e área de preservação permanente. É possível produzir mais e sustentavelmente nas mesmas áreas, inclusive com a recomposição das áreas degradadas e que deveriam compor aquele conjunto de bens voltados a preservação da vida humana e de espécies fundamentais para o equilíbrio e também para estudos científicos.
O motosserra deve ser aposentado, não há mais espaço para ele num mundo de racionalidade e sustentabilidade. Não é só ele. Repare bem que onde existe monocultura, sempre há um rico (ou mais) e muitas pessoas em situação de pobreza ou miserabilidade. Deixando muito explícito que existe uma apropriação legal ou não, de uma parcela de bens, sem retorno para a sociedade onde eles são produzidos. Não há sustentabilidade. O principal interessado é vítima desse sistema, ou alguém pensa diferente que essas agressões ao meio ambiente pode deixar ileso o ser humano? Que alguém anda se apropriando de bens considerados constitucionalmente como bem comum, sem qualquer contrapartida?
No caso da recomposição, nem sempre possível, a ideia de compensação parece razoável, mas ainda assim, temerosa. As áreas de compensação nem sempre terão as mesmas características ou espécies, ainda que sejam próximas. Volto a dizer, a ideia não é má e pode ser um interessante instrumento para que se promova uma política pública de meio ambiente. Sugiro, assim, que as áreas despovoadas ou apropriadas indevidamente sejam objeto da compensação, ou seja, que aqueles que desequilibraram o meio ambiente, sejam chamados a compensá-lo, com outra área e com a adoção de medidas de segurança para que o dano aos bens ambientais não se expandam. Em outras palavras, que a compensação não seja uma autorização em branco para que se atinja impunemente o meio ambiente e, portanto, todos nós, direta ou indiretamente.
Hilda Suzana Veiga Settineri
Muito se deve a ausência de uma política pública para o meio ambiente, muito mais preocupados estavam os governantes em multar ou proibir. As multas pouca gente sabe o destino que lhes atribuíram e o ato de proibir – perdoem-me – passou batido. Os argumentos dessa omissão deliberada são vários. Nos estados com grande cobertura vegetal, por exemplo, houve o incentivo pela derrubada das matas, sem muitos regramentos, para que fosse substituída por agricultura ou pecuária.
O plantio ou o passo do boi estão – quase – dentro do leito dos rios, córregos e nascentes que vão minguando até deixarem de existir. Tudo era encantamento. Aumento da produção e lucro, mas, um dia a conta chegaria. Chegou amarga, trazendo com ela a constatação científica de uma dependência cada vez maior de adubos e de agrotóxicos, reduzindo a margem de lucro e aumentando a margem de riscos a sustentabilidade. Somos amplamente favoráveis ao aumento da produção, pois quando mais alimento produzido é tendência que seja igualmente mais rica a mesa do trabalhador, ou pelo menos, mais acessível sejam os bens essenciais a vida.
No entanto, produção de alimentos não significa a necessidade de colocar em risco demasiado a vida das pessoas que trabalham no campo, nem decretar a extinção de espécies nativas pela ofensa a qualquer regramento que imponha reserva legal e área de preservação permanente. É possível produzir mais e sustentavelmente nas mesmas áreas, inclusive com a recomposição das áreas degradadas e que deveriam compor aquele conjunto de bens voltados a preservação da vida humana e de espécies fundamentais para o equilíbrio e também para estudos científicos.
O motosserra deve ser aposentado, não há mais espaço para ele num mundo de racionalidade e sustentabilidade. Não é só ele. Repare bem que onde existe monocultura, sempre há um rico (ou mais) e muitas pessoas em situação de pobreza ou miserabilidade. Deixando muito explícito que existe uma apropriação legal ou não, de uma parcela de bens, sem retorno para a sociedade onde eles são produzidos. Não há sustentabilidade. O principal interessado é vítima desse sistema, ou alguém pensa diferente que essas agressões ao meio ambiente pode deixar ileso o ser humano? Que alguém anda se apropriando de bens considerados constitucionalmente como bem comum, sem qualquer contrapartida?
No caso da recomposição, nem sempre possível, a ideia de compensação parece razoável, mas ainda assim, temerosa. As áreas de compensação nem sempre terão as mesmas características ou espécies, ainda que sejam próximas. Volto a dizer, a ideia não é má e pode ser um interessante instrumento para que se promova uma política pública de meio ambiente. Sugiro, assim, que as áreas despovoadas ou apropriadas indevidamente sejam objeto da compensação, ou seja, que aqueles que desequilibraram o meio ambiente, sejam chamados a compensá-lo, com outra área e com a adoção de medidas de segurança para que o dano aos bens ambientais não se expandam. Em outras palavras, que a compensação não seja uma autorização em branco para que se atinja impunemente o meio ambiente e, portanto, todos nós, direta ou indiretamente.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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