EX-GOVERNADOR EXIGE COLIGAÇÃO
DO PSDB COM O PSD DO PREFEITO KASSAB; PROJEÇÕES INDICAM QUE, ASSIM, TUCANOS
ENCOLHERIAM NA CÂMARA MUNICIPAL, ENQUANTO PESSEDISTAS FORMARIAM "SUPER
BANCADA"; DIRETÓRIOS ESTADUAL E MUNICIPAL EM PÉ DE GUERRA; SEM ALIANÇA,
SERRA DIZ QUE PEGA O BONÉ E VOLTA PARA CASA
247 – Diante da primeira
encruzilhada em que sua candidatura a prefeito se depara nesta campanha, o
ex-governador José Serra já apontou para seu partido o caminho que pode seguir:
voltar para trás.
Em recados duros que chegaram os ouvidos do governador Geraldo
Alckmin, em viagem a Nova York nesta sexta-feira 15, Serra disparou a ameaça de
simplesmente desistir de concorrer caso o PSDB não aceite, como ele exige,
firmar uma coligação formal com as legendas PSD, DEM e PR. Com olhos focados na
liderança que, pessoalmente, poderá exercer sobre os coligados e no tempo de
televisão que poderá dispor com -- e sem -- a soma dos espaços partidários no
horário eleitoral gratuito, Serra sustenta que não se vê em condições de
enfrentar, com chances, a disputa, caso não conte com o apoio das outras
legendas.
O problema, para o partido dos tucanos, é que essa coligação irá
resultar no chamado "chapão", em que candidatos a vereador de todas
as siglas coligadas disputarão a eleição sob o mesmo guarda-chuva da
candidatura Serra, dividindo proporcionalmente o resultado final. Nas projeções
de líderes tucanos como o secretário de Energia José Aníbal, de franca
influência nos diretórios palistanos, o chapão teria o efeito de reduzir em
cerca de 50% o potencial eleitoral dos postulantes do partido. Assim, em lugar
de fazer uma bancada com até 12 vereadores eleitos, os tucanos saíram para a
disputa projetando vitórias de apenas 6 ou 7 concorrentes. A situação ganha
complexidade quando se analisa o fechamento em curso da coligação com o PSD do
prefeito Gilberto Kassab. Enquanto os tucanos, no último ano, viram oito de seu
vereadores bandearem-se para outros partidos, e sua bancada, assim, ficar
reduzida a sete edis, os pessedistas se beneficiaram dessa diáspora, com a
adesão de três ex-tucanos, chegando a dez vereadores – a segunda maior bancada
da Câmara, atrás apenas do PT.
A coligação PSDB-PSD tende a fortalecer ainda mais os filiados ao
partido do prefeito, que, além de suas próprias bases, teriam a seu favor o
resultado da conta de quociente partidário. O PSD largaria para a disputa com a
chance real de formar o que já vai sendo chamada de super bancada, talvez entre
30% e 40% maior que a atual. Os tucanos candidatos temem que esse crescimento
se dê sobre o seu definhamento. Serra não vê problema nisso, até porque
considera os vereadores do PSD como estando sob a sua chefia.
Com 55 vereadores, a Câmara Municipal de São Paulo formará suas
futuras bancadas pelo critério do quociente partidário – número resultante da
divisão do número de votos válidos sob a mesma legenda ou coligação pelo
quociente eleitoral. Nesse caso, a coligação funciona como um único partido:
quem tiver mais votos dentro da coligação, está eleito, independentemente da
legenda a que pertença. Aí reside a grande preocupação de parte do PSDB.
Enquanto isso, o PP do ex-governador Paulo Maluf está ameaçando
abandonar as negociações de uma coligação com o PSDB. Por meio do
secretário-geral da legenda, Jesse Ribeiro, Maluf pede, desde já, maior
participação na eventual futura administração Serra, com um naco maior da
secretária da Habitação e da Cohab, a companhia estatal que constróe casas
populares. Caso não obtenha o que quer, ele ameaça fechar com o candidato do PT,
Fernando Haddad.
Sob pressão, o governador Geraldo Alckmin, que nesta sexta-feira 15
está em Nova York, tem a complicada tarefa de administrar essa crise. Ficando
ao lado de Serra, pode prejudicar seu próprio partido. Se, no entanto, se
posicionar com os vereadores que temem o "chapão", corre o risco de
ver Serra concretizar a ameaça de deixar a disputa. Inicialmente, Alckmin,
pensando em sua situação de reeleição, em 2014, deverá apoiar as coligações
defendidas pelo candidato a prefeito. Em matéria de democracia partidária, os
tucanos paulistanos não estão, neste momento, em condições de dar lições a
ninguém. Ali, quem vai decidir a pinimba, serão, mais uma vez, os chefes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário