Sonho que as crianças, do mundo todo, possam dormir quentinhas, com suas barriguinhas cheias, longe de toda e qualquer agressão física, sexual, moral ou intelectual e que todas possam usufruir das alegrias de uma infância linda e protegida. Sonho que tenham um futuro maravilhoso. Não só as crianças de hoje, mas também seus filhos, os filhos de seus filhos e também os filhos destes. Sonho com um planeta protegido, com medidas que eliminem a cobiça que destrói nosso porvir!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

BRÂMANES & SUDRAS




É fácil resolver o problema dos médicos.
 Não precisa muita coisa.
 Basta que aqueles que se matricularem em instituição pública ou se formarem através de recursos públicos tenham como obrigação um período mínimo de dois anos, por exemplo, para a prestação de uma espécie de serviço social.
 Assim, sem a balburdia daqueles futuros médicos que se formam em instituições particulares, que não usam dinheiro público e fazem do curso de medicina um investimento.
 Aliás, já está é tempo das elites que tanto elogiam o ensino privado enviarem seus filhos para essas instituições de nível superior, deixando as universidades públicas federais e estaduais para as massas populares. 
E não se trata apenas do curso de medicina, mas de outras áreas do conhecimento. 
Não há o mínimo sentido de um aluno formado por instituições privadas, que freqüenta cursinhos preparatórios, que tem acesso a um leque de informações sob um custo elevado, precisar cursar o ensino superior numa instituição publica.
 Pode perfeitamente pagar seus estudos, muitas vezes, menos caro que o desembolso realizado para se preparar.
 O Poder Público seria menos intervencionista, poderia dedicar-se a formação das massas, inclusive, com um acesso maior aos cursos chamados “nobres” e cujos alunos não teriam nenhuma resistência em retornar ao seu meio de origem e prestar um serviço de qualidade.
 Evidente que, alguns desejariam aventurar-se junto a elite brasileira, o que é um direito, assim como um ou outro membro das classes privilegiadas adotar uma atitude franciscana.
 No caso do aluno formado pela rede público haveria a necessidade de ser após o período de retorno ao investimento público, o que também abrangeria outras áreas da formação acadêmica.
 O que estou tentando dizer é que a apropriação do conhecimento se transformou num investimento e modo de preservação do status quo, portanto, um membro de uma casta social de privilegiados tem enormes e quase intransponíveis dificuldades em conviver num ambiente diferente ao de sua origem.
 Um brâmane brasileiro atender aos sudras – classe social destinada a servir as classes superiores – em suas convicções é atentatório a sua liberdade. Compreensível.
Hilda Suzana Veiga Settineri
Assim, para atender aos sudras brasileiros deve-se formar sudras, já que estes não seriam contaminados socialmente com o contato.
 Não entendo, pois, toda essa polêmica.
 Compreendo as justas resistências da secular elite brasileira aos programas e projetos de inserção social, já que a história de suas crenças indica que nossos “sudras” se contentem com as migalhas ou sobras que caem ao redor da mesa onde se servem aqueles ungidos por alguma providência divina de bens e recursos – com capacidades incomuns – para se assenhorearem-se também do conhecimento.
 Não é justo inverter essa ordem. É inconcebível aqueles que estão no topo da pirâmide social, descerem e virem partilhar o seu saber com a base.
 Agora, com a vinda de profissionais médicos de outros países existe um enorme risco de se abalar essa ordem piramidal, logo, como se esperar que fiquem passivos.
 Devem estar chateados, revoltados e indignados, por outro lado, as classes populares começam a sonhar ter um médico mais próximo, acessível e que não tenha resistência a conviver nesses imensos rincões brasileiros, onde o homem de branco talvez, soe mais como uma dessas tantas lendas que fazem parte do imaginário popular.

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