Lembro que na minha infância ir à igreja era algo tão natural.
Havia horário e tempo para tudo.
Alegria estava presente desde o momento que acordava e me aprontava e culminava com um dia maravilhoso.
Minha fé trazia da missa todas as bênçãos e tinha a certeza de que nada de ruim aconteceria.
Era um escudo intransponível.
Mas chega um momento em que o tempo parece ser menor e os compromissos cada vez mais e mais demorados.
Ir a igreja já não é tão normal, é algo extraordinário.
A fé que tinha permanece agora não tão livre e solta, mas escondida, diminuída em sua importância. Hoje, me surpreendi.
Acordei cedo. Os ouvi cantos religiosos e voltei no tempo.
Que milagre é esse?
Não sei.
Alguém consegue explicar racionalmente milagre?
Mas, que eles existem.... Sabemos todos.
Creio firmemente que seja o sopro trazido pelo Papa Francisco que, cá pra nós, brasileiros, é Chico.
Esse negócio de pomposidade para nomes é para europeu. Acredito também, que o Papa se sentirá bem e respeitado, se for chamado assim, aqui entre nós.
Mas porque estou falando de fé, num espaço que tenho ocupado para tratar de política? Sinceramente não acho que possa existir política boa sem uma boa dose de fé, o que não exige a recíproca.
O que esse homem, o Papa Francisco, que ó primeiro verdadeiramente depois de muitos que o antecederam, a falar da necessidade de priorizar o ser humano, ao invés da pompa. Abriu mão de tantas coisas que para nós, era normal.
O seu gesto, no entanto, enquanto religioso, repercute na política.
Daqui a pouco os demais chefes de Estado, senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores e, inclusive, o Poder Judiciário passarão a adotar alguma identidade com essa linha.
A ostentação parece que não é prioridade mais na Igreja do Papa Francisco.
Como agirão aqueles que são fiéis e que ocupam função pública podem então, viverem da ostentação? Espero que não adotem essa conduta apenas por um breve período, enquanto a mídia der ênfase. Tudo isso significa um novo vento novo.
Sinceramente, particularmente, salvo milagre, que alguém criado pelas elites e que vive como elite possa entender as necessidades das massas.
Existem claramente dois lados, diriam aqueles os que têm fé a bondade e a maldade, os primeiros representados pelo justo e o segundo pelos opressores .
Na política existem aqueles que têm os bens e os meios de produção e os que têm a força do trabalho. O único meio de aumentar o lucro, portanto, o capital das elites é produzir mais e explorar mais o trabalhador – nesse caso – não existe milagre. O único meio de enriquecimento é apropriação da produção com a finalidade de transformar-se em capital.
De modo
semelhante é a atividade desenvolvida pelos trabalhadores, onde o único meio de melhorar seu nível social e qualidade de vida é pela incorporação de maior parte dos lucros gerados pelo seu esforço. Não existe outro meio.
Agora pergunto, quem é o empresário socialista que quer verdadeiramente partilhar seus bens e meios de produção?
Essa sensibilização pela visita do Papa Francisco nos faz refletir e revigorar o entusiasmo com os projetos e programas de alcance social.
Daqui a pouco vamos ter eleições e terão muitos lobos disfarçados de cordeiros.
Muita gente rica falando como pobre.
Como se vivessem entre as massas e fazendo de conta que empunha as mesmas bandeiras.
Precisamos ter fé, sem perder a consciência de que lado integramos.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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