Há alguns anos atrás, se não me falha a memória, em todo o Brasil ocorriam vestibulares. A elite, como classe hegemônica deleitava-se viajando de avião de uma cidade para outra, sempre na busca das melhores universidades públicas. A farra acabou com o ENEM. A despeito de todos os problemas que possam haver na sua efetivação, pelo menos, democratizou-se também estes. Aquele “é nem to ai” da elite que freqüentava os cursinhos preparatórios pagos e dispunha de recursos para fazer vários vestibulares em todo o país, acabou. Contudo, acho que o interesse em minar o Ministro é outro. A imagem de novo, moderno e competente assusta a estrutura política paulista daqueles que há muito tempo lá estão. Não importa a alternância de nomes, o que se percebe é a continuidade, não apenas do discurso, mas da prática. Sobre o aludido evento das provas do ENEM, discordo daquele professor de que a escola não possui responsabilidade. Acredito que ética deva fazer parte dos conteúdos de uma escola. Claro que não concordo com esses testes realizados em escolas, sobretudo, particulares onde o interesse comercial pelo resultado – pode – comprometer valores éticos e morais. Entendo também, a necessidade de se investigar, aliás, como tem sido feito, para identificar os responsáveis pelo vazamento, responsabilização administrativa, civil e criminal. Particularmente fico pensando que valores que essa escola passa para seus alunos? Seria a volta da famigerada “Lei de Gerson”? É preciso que a “grande” imprensa diga também que o ENEM é um processo em construção, que não está pronto, nem acabado mas, que está sendo talhado para dar ao país um instrumento eficiente. Agora eu pergunto: alguém nega que houve avanços na educação através dos governos petistas de Lula e Dilma? Houve aumento de vagas nas Universidades? Abriram-se novas Universidades? Buscou-se construir mecanismos que permitam avaliar e contribuir para a melhor qualidade de ensino? Se não bastassem essas, pergunto: houve inclusão social? As políticas afirmativas democratizaram o acesso? O financiamento dos cursos em instituições privadas foi facilitado? Pergunto a você que está na faixa de 30 anos ou mais: lembra de como era o processo de ingresso no governo anterior ao de Lula? As dificuldades de se obter o acesso? Como era burocrático e inacessível o financiamento? Quantas vezes você tentou e desistiu? O que se quer com a discussão de anulação, de escândalos é simplesmente desacreditar esse processo que está se construindo e que ameaça as estruturas seculares que servem para abrigar apenas os interesses das classes hegemônicas.
Que fazer com quem vazou as 13 questões do exame? Quem sabe inscrevê-lo em curso de ética?
Hilda Suzana Veiga Settineri
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