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Marisa Matias denunciou no plenário do Parlamento Europeu que as privatizações da água que decorrem nos países europeus usam um bem público como se estivessem "a vender ar em sacos de plástico".
A eurodeputada Marisa Matias denunciou no plenário do Parlamento Europeu que as privatizações da água que decorrem nos países europeus fazem utilização de um bem público através de um processo que equivale "a vender ar em sacos de plástico". A declaração foi feita em Estrasburgo num debate perante a comissária Connie Hedegaard, a propósito do Forum Mundial da Água, a decorrer em Marselha.
Marisa Matias, membro do Grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleita pelo Bloco de Esquerda, tomou como exemplo na sua intervenção a situação em Portugal, onde a água vai ser privatizada depois de o Estado ter conseguido, com fundos dos contribuintes portugueses e europeus, garantir uma cobertura de água e saneamento em quase todo o país. "Isto é um exemplo claro", disse, "do que estamos a fazer mal, seja em Portugal, seja na Europa, seja no mundo, isto é, estamos a tratar a água como uma mercadoria".
Ora, recordou Marisa Matias, " a água é um bem público, não é um bem concorrencial, deve ser para todos, não para quem a pode pagar; a água os recursos hídricos são para preservar, não são para desbaratar, para contaminar; a água é um direito humano fundamental e tentar fazer um negócio lucrativo com a água é tão razoável como começar a vender ar em sacos de plástico"
Nas suas intervenções durante o debate, os eurodeputados do GUE/NGL declararam o apoio ao fórum alternativo sobe a água, que decorre igualmente em Marselha, e no qual estão em destaque as políticas ambientais para poupar e gerir a água em benefício dos povos e não do lucro.
Um escândalo na União Europeia
João Ferreira, deputado do GUE/NGL eleito pelo PCP, lembrou a resolução das Nações Unidas de Junho de 2010 que reconhece o direito à água potável como um dos direitos humanos. "A resolução", recordou, "apela aos Estados e às organizações internacionais para que intensifiquem os esforços de modo a garantir a água potável e o seu fornecimento limpo, seguro, acessível e abordável". O escândalo, assinalou João Ferreira, é que alguns Estados europeus vetaram inicialmente estes cuidados e "abstiveram-se mesmo na votação final". O eurodeputado português concluiu dizendo que "a propriedade pública e a gestão deste recurso precioso é a única maneira de proteger este direito".
A habitual receita público-privada
A eurodeputada francesa Marie-Christine Vergiat declarou que "as derivas das parcerias público-privadas são dramáticas nos nossos países, onde a água é cada vez mais cara sem que a qualidade melhore". De acordo com esta representante do GUE/NGL, a União Europeia tem largas responsabilidades nesta situação; ao mesmo tempo felicitou-se pelo facto de numerosas autarquias francesas terem decidido retomar em mãos a gestão da água das suas regiões.
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