Sonho que as crianças, do mundo todo, possam dormir quentinhas, com suas barriguinhas cheias, longe de toda e qualquer agressão física, sexual, moral ou intelectual e que todas possam usufruir das alegrias de uma infância linda e protegida. Sonho que tenham um futuro maravilhoso. Não só as crianças de hoje, mas também seus filhos, os filhos de seus filhos e também os filhos destes. Sonho com um planeta protegido, com medidas que eliminem a cobiça que destrói nosso porvir!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

História do PT – sua contribuição na visa social e política do Brasil

Transcrição da palestra proferida pelo psicanalista e militante petista, Valton Miranda, no dia 22 de janeiro de 2011, durante reunião do mandato do vereador Guilherme Sampaio de formação e debate político, no Hotel Sonata de Iracema em Fortaleza-CE.
“Bom dia pra todos e pra todas…
Bom dia para os que estão ouvindo pelo twitter
Bom, eu gostei muito de ouvir o Bruno porque vai me permitir fazer um sobrevoo um pouco diferenciado, pela natureza do que eu vou falar. A primeira coisa que nós devemos entender hoje é que estamos num contexto mundial adverso ao socialismo. Isso não é de agora. Na verdade, o sistema do capital vem avançando cada vez mais em todo o mundo e esse avanço se dá nessa ascensão extraordinária dos milionários, ultra bilionários sobre os pobres. Enquanto o mundo, os milionários e bilionários crescem para uma concentração mínima (quinhentos ultra bilionários, dois milhões de bilionários), a pobreza aumenta de uma maneira extraordinária, ou seja, enquanto a pobreza aumenta em proporção geométrica, a riqueza concentrada aumenta numa proporção completamente diferente. Então, nós temos no mundo hoje uma situação que é adversa por várias razões – não vou entrar mais em detalhes sobre a queda do socialismo real, pois vocês já conhecem isso, mas vou dizer que há hoje este avanço do neoliberalismo. O neoliberalismo é uma concepção econômica, política que pretende estabelecer uma superação das fronteiras nacionais, um mercado absolutamente dominador e absoluto e, ao lado disso, uma tendência a diminuir ou desfazer todos os avanços sociais e todas as garantias sindicais, e todas as garantias que tinham sido conquistadas até então.
Esse grande avanço da perspectiva do capitalismo sofreu também uma grande derrota na atualidade com o colapso do neoliberalismo. Esse colapso foi grandioso e continua… Continua, na medida em que, eles não têm mais os mesmos instrumentos que tinham antes para lidar com os outros países da forma como vinham lidando. Não há mais como o carro-chefe do capitalismo mundial manter a mesma diapasão porque os Estados Unidos estão em crise e estão num processo de declínio enquanto cresce a economia chinesa. Isso é algo que está acontecendo há passos largos e nos dá uma brecha extraordinária para que possamos combater o capitalismo. Vejam bem uma coisa: nós precisamos definir claramente o que é socialismo. Socialismo não é simplesmente uma palavra retórica. Socialismo significa que estrategicamente nós queremos a derrota do capitalismo. Se isso vai acontecer na prática ou não, não importa. Mas, a nossa estratégia é derrotar o sistema do capital. Em todo lugar que nós possamos atuar para derrotá-lo politicamente, nós devemos fazê-lo. Então, vejam bem uma coisa: essa questão estratégica, ou seja, para o socialismo ela continua sendo o elemento fundamental do ponto de vista político, na perspectiva de poder. Porque, então, falar em socialismo? O que é socialismo? Socialismo é estrategicamente a derrota do capitalismo. Não há como fazer um socialismo que não contemple derrotar o capitalismo.
Essa é a questão estratégica. Agora, dentro deste contexto, nós temos todo um desenvolvimento que passa da ideia (que o Bruno tocou aqui) do socialismo utópico para o socialismo científico. E o socialismo científico significa o quê? Significa que lutamos pelo domínio, pela posse social dos meios de produção. Os meios de produção devem ser apossados socialmente. Devem sair das mãos das grandes oligarquias, dos grandes oligopólios capitalistas e serem apossados pela população. É essa a ideia do socialismo. E socialismo também contempla a ideia de transformação revolucionária, ou seja, há uma luta de classes (sindicatos, partidos, etc) em busca desse fim. E essa luta de classes significa que a classe desprivilegiada, o operariado, vai lutar, dentro do seu partido, para alcançar o objetivo de ganhar a posse dos meios de produção. Para isso, é preciso ter um, ou mais partidos, que lutam pelo poder segundo uma determinada visão. Essa visão até um certo momento era assim: o socialismo é alcançado por uma natural deterioração do sistema capitalista. Hoje nós sabemos que isto não existe. Ou lutamos, ou não alcançamos. O socialismo não virá por uma dinâmica de deterioração própria do sistema capitalista. Só virá através da luta. A revolução hoje pode ser entendida como luta de um conjunto da sociedade para tomar o poder e fazer aquilo que deve ser feito para que estes objetivos socialistas sejam alcançados. Portanto, eu estou dizendo é que socialismo não é uma palavra retórica. É uma práxis política que precisa alcançar determinados objetivos econômicos num determinado espaço, num determinado país, num determinado tempo histórico.
Bom, aí você diz assim: o que isso tudo tem a ver com o PT? Tem tudo a ver com a esquerda socialista e o PT. Os partidos socialistas no mundo estão em declínio. Os partidos socialistas se transformaram em partidos social-democratas, e pior do que isto, se transformaram em partidos puramente eleitoreiros, sem nenhuma convicção ideológica. E isso que acontece no mundo inteiro, será que contaminou a esquerda brasileira e o PT? Essa é uma questão nós devemos situar, nós devemos colocar. Vejamos uma coisa. O PT começa sua trajetória, uma trajetória brilhante, de luta contra a ditadura militar – não só o PT como todos os partidos de esquerda (outros partidos como o PSB, que eu ajudei a fundar nacionalmente), começam esta luta contra a ditadura. A ditadura tinha os seus teóricos. Um dos grandes teóricos da ditadura foi o General Golbery do Couto e Silva, apelidado “O Bruxo”. E o Golbery sabia o que fazia. O Bruno tocou neste ponto aí, né. De repente eles mudavam de tática. Aquilo ali vinha da cabeça de um indivíduo que tinha um gênio político extraordinário, que era o Golbery. Então, os outros apenas operacionalizavam o que o plano geral do sistema colocava. É dentro deste contexto que nasce o PT em 1980, em São Paulo, e o marco é o Colégio Sion, sob a liderança do Lula. Aí, o PT começa a traçar a sua dinâmica de atuação. Se coloca como um partido contrário a burguesia brasileira, se coloca como um partido radical, se coloca como um partido ideológico, se coloca como um partido que trava a luta de classes, se coloca dentro de toda esta perspectiva como um partido que atrai, fascina pelo que faz. Fascina muito intelectuais de classe média e principalmente gente das universidades. Não só o sindicalismo numa ponta mas também os intelectuais na outra ponta. Um setor muito educado das universidades é atraído pelo PT, como igualmente um setor da Igreja, nas comunidades eclesiais de base. Esses setores, radicalizados, colocam o PT num determinado rumo. É bom lembrar que o PT não assinou a Constituição de 88 porque achava que esta Constituição era atrasada. É bom lembrar que o PT não participou do Colégio Eleitoral, porque achava que aquele colégio era espúrio (como de fato era). Então, o PT está no seu nascedouro dentro desta radicalidade, dentro de uma visão ideológica, dentro de uma visão de classe. E o PT pretendia a transformação revolucionária da sociedade. Não pelas armas, mas pelo voto, pelo caminho da participação, pelo caminho da pressão sobre a sociedade elitista brasileira como um todo. Agora, aí, meus amigos, nós vamos ver uma coisa: o PT mudou. A esquerda mudou. Será que essa mudança significa o abandono do ideal socialista? Essa é a questão que nós devemos nos colocar porque, eu penso, como diz lá o André Singer no artigo dele que dentro de PT convivem duas almas. E estas duas almas estão tentando se encontrar. Eu creio que, nesta transição, nós precismos ver algumas coisas. O PT, a partir de um certo momento ele vai abandonar o aguerrimento de sua militância que é substituído por um pragmatismo militante. Ele vai abandonar o confronto classista que é substituído por uma conciliação classista. O PT vai, paulatinamente, abandonando determinados focos que são próprios da luta dentro da vertente socialista. Eu não estou dizendo que isto é próprio do PT. Eu estou tentando é aproximar, compreender o processo. Entender para que nós possamos fazer um melhor diagnóstico, uma melhor compreensão de tudo isso. Se o PT abandona o confronto de classe e substitui isso por uma conciliação, ele naturalmente tende a afrouxar ideologicamente, ele naturalmente tende a ser mais pragmático. A ser mais pragmático no sentido de que o voto passa a ser mais importante do que a ideia, a concepção de que o PT deveria ter uma postura radical (radical não é sectário, radical é ter uma postura em relação a determinadas coisas, por exemplo: a política de alianças. O PT, durante muito tempo, se recusou a fazer aliança com qualquer partido. Se recusava mesmo e quando pela primeira vez, naquela eleição do Brizola o PT fez uma aliança para eleger o Brizola houve uma intervenção no Rio de Janeiro, houve uma intervenção do Diretório Nacional do PT no Rio de Janeiro – e muita gente foi expulsa). Então, o PT mudou? Não, é que o PT passou a viver coexistindo com estas duas dimensões dentro do partido. Nós podemos chamá-las de uma dimensão mais à esquerda e um setor mais à direita. Isso coincide igualmente com a migração dos apoiadores do PT. Os apoiadores do PT também deixaram de ser os intelectuais de classe média, os indivíduos que, no sul e sudeste, ocupavam espaços dentro das universidades. Muita gente saiu e muita gente foi paulatinamente se esquivando de continuar no PT porque não considerava que ele fosse mais um partido socialista. Ou, pelo menos, que buscasse metas socialistas. Muita gente passou para PSOL, PSTU, etc. E, no meu modo de ver, esses partidos, na verdade, eles fazem uma coisa esquemática, transformam a política num esquematismo que não condiz com a realidade social. Ou seja, muita coisa (e eu creio que até honestamente) esses partidos pretendem, mas acabam desconhecendo a realidade social e política. Então, os apoiadores do PT caíram muito para a classe média média, os intelectuais de grande monta foram se colocando em outras posições e a crítica ao PT começou a ser feita a partir de ex-integrantes do PT, de uma maneira contundente. Muitas dessas críticas são corretas. Da perspectiva da compreensão do socialismo. Agora, será que num contexto tão adverso como nós temos no mundo e como existe no Brasil é possível manter um partido com as características que o PT tinha na sua primeira fase? Essa é uma pergunta que nós temos que fazer porque na medida que o PT amplia a sua política de alianças, ele também coloca toda uma nova dimensão no seu funcionamento político. E essa nova dimensão coincide com um caminho mais à direita onde a tolerância a determinadas alianças às vezes chega a certos exageros, como aconteceu em Belo Horizonte com o PT fazendo uma aliança com o PSDB. Lembro que Aécio Neves disse que não há mais lugar para esse tipo visão esquerda-direita, portanto, somos todos iguais. Ora, se somos todos iguais para que existir os partidos que se colocam numa perspectiva ideológica, que tenham uma visão socialista, se somos todos iguais?
A ausência da crítica, nesse momento, passa a ser uma coisa terrível para o partido. Eu creio que existem algumas questões que estão relacionadas com este processo. Algumas questões que têm a ver com a aproximação do PT ao poder (poder no sentido de governar, de repente o PT passa a governar estados, municípios e depois o país), mas tem a ver com a política de organização e tem a ver com o poder e tem a ver com o Lula. Então, nós temos que tentar fazer esta compreensão no sentido de que a crítica seja feita de uma forma adequada. Quando eu falo de crítica é preciso entender a palavra crítica. O PT precisa ser criticado. A esquerda precisa ser criticada. E a crítica tem que ser feita para que o pensamento possa fluir e para que nós possamos ter um instrumental político usado de forma adequada. Assim, por exemplo, duas coisas se colocam, no meu modo de entender. A política de organização do PT e a ascensão do PT à Presidência da República. Estas duas situações são importantíssimas no meu modo de entender. Ora, o PT tem uma estrutura interna que, no meu entendimento, é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que é uma extraordinária demonstração de democracia interna, é um caminho sempre aberto para a inação. (…) o sistema de organização do PT é um caldo de cultura para a paranoia interna. Eu pensei que era só eu que pensava isso. Aí, de repente, o Cláudio me chama a atenção que em 1995, num Congresso do PT, há uma resolução dizendo que o PT deve deixar de ficar brigando internamente e olhar para seu adversário externo. Uma resolução do partido. Isso é paranoia. Você passa a brigar muito mais com a facção A, B ou C e não quer se importar com o inimigo político externo (eu pensei que isto… rapaz, o Valton está fazendo uma coisa extraordinária, que está denunciando essa maluquice, mas não… o próprio PT já tinha feito isso, em 95, uma resolução onde dizia que o partido não podia se esvair, o partido não podia – vamos dizer assim – afrouxar nessas brigas sem fim. Essas brigas são terríveis. Ora, o cara que é do – eu me recuso a aprender o nome dessas coisas – porque o cara da facção A não fala com o cara da facção B, que maluquice é essa, gente? Que diabo de doidice é essa? Quer dizer, você pode ter divergência de ponto de vista, você pode ter divergência de ideias, foco, e afirmar isso com força, mas não pode [eu tenho uma pequena divergência com meu amigo Bruno, que eu acho que no impeachment do Lula, impeachment ia ser feito mesmo, não aconteceu e o PT foi quem deu menos apoio, porque estava brigando feito um louco. O Palocci brigando com o Zé Dirceu.] E outras coisas mais dessa interminável paranoia interna. Então, essa crítica a gente tem que fazer… Aí, essa é a questão da política de organização. Eu não sou contra aqui que existam divergências, nem luta interna, de jeito nenhum, eu acho que isso é salutar. Agora, transformar isso numa situação que me impede a unidade num momento difícil, que impede que o partido se una como um todo, como um bloco. Porque, na verdade, o impeachment não foi feito porque o Lula chamou o generalzinho lá e disse: Olha, eu vou pro povo. E alguns setores do PT, naturalmente, né. Não foi só um, mas muitos setores do PT. Vocês não brinquem porque… nós levantamos esse país. Não brinquem com fogo. E aí, o “povinho” recuou, inclusive o nosso mui saudado general do PSDB do Ceará, o senhor Tasso Jereissati. (…) Muita gente passa a mão na cabeça dele, mas na verdade, esse cidadão, que teve uma importância muito grande no desenvolvimento da política no Ceará, mas ele precisa ser criticado no seu sectarismo de direita. Essa questão não pode passar em branco. A gente fica às vezes, achando… não… eu acho que o Tasso só fez bem ao Ceará… não… ele fez algumas coisas boas… mas ele é um sectário de direita. Nós não podemos ficar aí, caladinhos, e achar que isso não vale nada.
Bom, e há outra coisa. Na medida em que nos aproximamos do poder. É bom que a gente lembre que o Lula tinha perdido a eleição de 89 porque o PT se recusou a fazer aliança com o Ulisses, PMDB. Se recusou por achar o PMDB um partido fisiológico. E é… quem é que vai dizer que o PMDB não é um partido fisiológico? É um partido fisiológico, taí brigando, chantageando por cargo, mas nós temos que conviver com ele porque o PMDB hoje, do ponto de vista da política brasileira, da realidade brasileira é o seguinte: é como algumas mulheres dizem ruim com ele pior sem ele. (risos e observação da plateia de que os homens também dizem). Não, é lógico que os homens também dizem, mas eu estou usando só como metáfora. Então, é assim… essa é uma questão. Está fazendo chantagem mesmo, jogando para continuar na FUNASA, roubando… porque é roubo que fazem. Então, nós não temos como ficar simplesmente colocados diante disso de uma forma tranquila, como se nada estivesse acontecendo. E aí, temos que lhe dar com uma outra situação. Quando nos aproximamos da eleição de 2002, o que faz o PT? A “Carta aos Brasileiros”. Ora, por mais que nós (…) Aliás, a “Carta aos Brasileiros” não foi feita pelo PT, mas depois foi sancionada pelo PT num Encontro Nacional que houve um ano depois. A “Carta aos Brasileiros”, na verdade, é uma conciliação de classes. A “Carta aos Brasileiros”, na verdade é assim: nós não mexemos mais no superávit primário, nós vamos aceitar a estabilidade econômica proposta pelo sistema do capital, nós não mexemos mais nisso, nós não tocamos… ou seja, nós seremos, governando nós seremos adequados ao sistema capitalista. Ou seja, a partir desse momento, o PT se confunde com o governo, e aí é uma coisa muito ruim. O partido não pode se confundir com o governo. Partido não pode se confundir com o governo. No caso nosso, do PT, tem um atenuante é que o nosso líder maior é um mito. É um mito e um gênio. E aí, é difícil você lidar com um indivíduo nesse nível, do ponto de vista ideológico. Um indivíduo mitificado e, ao mesmo tempo, um indivíduo genial dentro da política. Mas, no momento em que nós sancionamos a “Carta aos Brasileiros”, nós sancionamos também um PT que substitui a luta de classes por um projeto popular. O que é projeto popular? Transferência de renda, etc, etc… Tudo bem… muito bem… muito bom… Mas, isso significa teórica e conceitualmente que nós saímos praticamente da faixa daquilo que no começo eu dizia que é a busca do socialismo. Nós saímos… não tem como. Não tem mágica. Ou a gente coloca as coisas nos lugares ou então, nós vamos continuar a lidar com isso de uma maneira meio evasiva. E se nós não queremos evasivas, nós temos que fazer a critica. E a crítica não é para destruir nada. Não é para dizer que o PT não presta pra nada. De jeito nenhum. O PT é um grande partido. Continua sendo um grande partido. E precisa dessa crítica. Agora, precisa trazer de volta os seus intelectuais. E não ter medo dos seus intelectuais. E não ficar com essa história que, inclusive, é algo nascido do próprio Lula. O Lula sempre teve dificuldade com intelectuais. Daí dificuldade com Chico Oliveira, daí dificuldade com outros grandes intelectuais petistas. Apesar de suas imensas qualidades, ele sempre teve dificuldade com intelectuais. Então, é dentro deste contexto que nós precismos ver a situação em que o PT vai avançado. Se em 2002 para 2006 o PT perdeu a maior parte dos seus apoiadores intelectuais é porque o partido fez um caminho que começou a ser desinteressante para esses intelectuais. Mas, na verdade, o partido ganhou outros apoiadores. Ganhou apoiadores principalmente na classe média mais abaixo e ganhou apoiadores no nível mais baixo do extrato social, principalmente no norte e nordeste. Porque o PT, se vocês se lembram, ele nasce com grande apoiadores no sul-sudeste. E isso é uma mudança que vem acontecendo. Os “idiotas” analistas, lá do sistema e da imprensa, vivem dizendo que é porque nós somos mais atrasados e ignorantes. E, portanto, é por isso que o PT ganha apoio nas classes menos educadas. Claro, que isso é uma bobagem e é uma tolice, e é um desconhecimento do processo porque, na verdade, a imprensa brasileira é, na sua grande maioria, uma imprensa de direita. Uma imprensa de direita e uma imprensa que está sempre favorecendo tudo aquilo que representa uma visão à direita.
Eu vou afunilando aqui para terminar. Eu acho que o drama do PT é, nesse momento, saber conciliar a sua relação com o poder, voltar a ser partido e não se misturar com o poder, lidar com o mercado sem se contaminar com ele, não se transformar em negociador mercantilizado, voltar à sua militância sem transforma sua militância em estruturas de aluguel. Isso é um desafio para o PT e não se misturar com os governos. Sejam eles na presidência ou no estado. Por exemplo, nós apoiamos o governo Cid. Mas, quando ele tem que ser criticado, tem que ser criticado. Essa besteira desse projeto que o Cid mandou aí, sobre o meio ambiente, tem que “meter o pau” nisso. E não tem isso não. Isso é política mesmo. E o Cid é muito esperto pra saber disso. E é bom lembrar que o Cid tem uma herança maldita. A herança do Tasso. É bom lembrar que essa herança é uma herança muito ruim em termos de personalismo. Então, eu digo isso (até o jornal O Povo um dia vai me botar pra fora, qualquer dia desse ele não me deixa mais escrever). Porque certamente eu vou dizer que esse tipo de personalismo na política é inaceitável. Ou entra dentro do contexto da aliança e aceita o debate dentro da aliança, e não fica com essas firulas personalísticas. A Dilma vai ter que ter um PT também nessa condição. Uma posição de saber se colocar diante do governo. De não se confundir com o governo. Foi isso o que aconteceu no nazismo. O partido se confundiu com o governo. Foi isso que aconteceu no stalinismo. O partido se confundiu com o governo. Então, nós temos que ter essa compreensão.
Por último, último mesmo, nós temos que examinar uma coisa. O mito Lula. Como é que o PT vai continuar, sobreviver, sem o mito. O mito tem um força integradora extraordinária, o mito tem uma força de coesão incrível. Mas, o nosso mito, a gente tem que compreendê-lo tanto na sua grandeza, quanto nas suas limitações. O Lula não é nenhum socialista. O Lula não sabe nem o diabo que é socialismo. E ele precisa dessa visão teórica e intelectual. E ele tem humildade suficiente para entender isso. Porque é um grande líder. Então, eu creio que esse mito precisa retornar ao PT para lhe dar a grande original, a grandeza do seu nascimento no Colégio Sion em 1980. O PT de hoje é um grande partido e ele pode ser um partido digno da sua estrela se ele voltar ao Colégio de Sion, muito obrigado.”
Enviado pelo editor do Blog da Dilma em Fortaleza, Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Junior - E-mail: cartaxoarrudajr@gmail.com

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