AUTOFAGIA SUICIDA
NO PT-MT
Vejo, estarrecido, processo cruel no Partido dos Trabalhadores do Mato Grosso.
Chegado a apenas 5 anos no estado, pude acompanhar uma sucessão de desavenças que hoje se transformaram em um processo autofágico realmente suicida.
Claro que já vivi disputas acirradas nos 31 anos de nosso Partido - nele é comum discutirmos de tudo e - invariavelmente - quebrarmos o pau aqui e ali, porém não acredito ter visto um processo tão cruel como estou acompanhando neste estado.
Mas vamos por partes, expondo não a história do PT-MT, que só acompanho há 5 anos, como já disse, mas neste período já vi coisas impressionantes.
Vamos então para os processos eleitorais que vivi por aqui:
Em 2006, pouco antes de minha chegada ao MT, nossa Direção Regional, então presidida por Serys, faz acordo com o governo do estado e indica o Secretário de Educação - Ságuas Moraes (do CNB) - atual Presidente do PT-MT.
Em 2008, campanha municipal: houve prévia eleitoral entre dois pré-candidatos a prefeito de Cuiabá. De um lado o médico Farina e de outro o Arquiteto Portocarreiro.
Venceu Portocarreiro e, em uma ação inimaginável para mim, a convenção municipal não teve quorum para referendar a candidatura (graças a ação em conjunto dos dois maiores grupos do PT-MT - CNB* e AE** - grupos estes que hoje se digladiam)
Muito bem, resultado de todas estas posturas nós, que havíamos eleito em 2004, 3 vereadores e ido ao segundo turno das eleições com o candidato Alexandre Cesar, apoiamos Mauro Mendes, do PR (hoje no PSB) - que também foi ao segundo turno e conseguimos eleger apenas 1 vereador - Lúdio Cabral. (um dos que hoje está na comissão de ética.)
Em 2009 houve o PED*** e a CNB conquistou 60% da composição do Diretório Estadual sendo que a AE mantém Cuiabá.
2010 inicia e logo no começo do ano estoura como uma bomba que o então presidente estadual - Carlos Abicalil não aceitava concorrer ao governo do estado e propugnava a vaga para concorrer ao senado em substituição à então Senadora Serys.
Tal substituição não se deveria a qualidade do mandato - reconhecido por seus pares que a elegeram vice-presidente da Casa, vindo a ser a primeira mulher a ocupar a presidência e que, no final de seu mandato, foi agraciada com o cargo de relatora do orçamento da união - se não me engano cargo ocupado também pela primeira vez por uma mulher. Quanto à fidelidade partidária - acusação que hoje pesa sobre si no Diretório Estadual, creio que nossos Senadores poderiam dar um depoimento sobre o assunto, pois sempre soube que ela votou com o Partido e com o desejo de nosso Governo.
A alegação era a de que Abicalil teria maiores chances de manter a vaga - coisa que as urnas souberam desmentir com veemência.
As prévias que se seguiram foram das mais perniciosas ao Partido que já acompanhei. Acusações de lado-a-lado, muitas vezes utilizando-se da mídia que sempre nos perseguiu como interlocutora.
Bom, sabemos que em 2010 as vagas para o senado eram duas, mas a direção partidária já tinha como certa uma aliança - que veremos mais tarde nos foi muito cara - com os partidos PMDB e PR. O PMDB indicou o nome para o governo, o PR e o PT dividiram as indicações para o Senado.
A briga não parou durante a campanha eleitoral. Vivemos uma sucessão de acusações parte-a-parte que minaram a votação de nosso partido. A meu ver, com erros de ambos os lados.
Ah, fizemos também coligação nos cargos proporcionais - com PMDB e PR - o que contribuiu ainda mais a derrota de nosso partido. É só contarmos os votos que tivemos para Deputados Estaduais e Federais que teríamos elegido - se sozinhos - 1 Federal e 2 Estaduais. Isto com a chapa incompleta - devido a coligação - que diminuiu o número de nossos candidatos: dos 12 candidatos a Federal possíveis em candidatura sem coligação, podemos apresentar 8 nomes. Para Estadual, dos 36 possíveis só concorreram 12. Fizamos com 1 Federal e 1 Estadual dando para os "aliados" a segunda vaga Estadual - do Alexandre Cesar - que apesar de pertencente ao grupo que promoveu a coligação foi o maior prejudicado.
Difícil mesmo foi fazer nossa campanha nestas circunstâncias: estávamos – GUERRILHEIROS VIRTU@IS – já ha mais de dois anos na campanha DILMA Presidente e em nosso carro os candidatos do Partido estavam envelopados – Presidenta, Senador e nossos proporcionais.
Se corríamos para um lado em busca de auxílio, era negado por estarmos em uma campanha (do partido) e de fossemos para o outro, era igualmente negado por estarmos em outra campanha (igualmente do Partido).
Não bastasse isto, mais de 120 dias depois de concluída a eleição que os envolvidos foram derrotados - uma resposta clara da população às brigas internas de nosso PT - e mais tempo ainda das infrações cometidas é apresentada denúncia - para o Diretório Estadual - de seis ex-candidatos de 2010, nenhum eleito, com base no código de ética.
Aceita a representação, inicia-se mais uma fase de uma briga que tende a ser eterna.
Não foi colocada denúncia durante o período eleitoral - o que seria mais lógico - mas esperaram até o final do mandato de Senado de Serys para encaminhar o processo.
Talvez devido aos quase 60.000 votos conquistados pela acusada, o que garantiu a eleição de Ságuas Moraes como Deputado e colocação de Serys como 1ª suplente da coligação.
Mas a situação é grave: dos denunciados temos 2 grandes promessas do Partido - Jusci e Ludio - ela neófita em eleições que conquistou mais de 10.000 votos e ele, único vereador do PT em Cuiabá que já se lançou pré-candidato do PT ao governo de Cuiabá (com mais de 11.000 votos em 2010), mais 3 companheiros que tiveram boas votações e dentre eles um ex-vereador e uma ex-vereadora e ex-deputada. Além, é claro, da hoje ex-primeira Senadora pelo Mato Grosso.
Creio que se faz necessária uma presença conciliadora de nossa Direção Nacional!
Creio que é mister - tendo em vista uma irreconciliável disputa pessoal - que nossa instância superior (DN****) chame a si o julgamento.
Sugiro mais, que nossa DN mande uma comissão ao Mato Grosso - pode aproveitar o aniversário de Cuiabá (em abril) e unir a uma comemoração dos 31 anos do Partido, que não foi feita em nosso estado - para ouvir nossa militância de base, nossos guerreiros que nunca abandonaram nossa bandeira e sempre trabalharam para o engrandecimento de nosso PT. Uma comissão com gente de ambos os lados, disposta a ouvir - o que não nos parece acontecer por aqui, por um e outro lado.
São as minhas reivindicações, meus desejos
Luiz Antonio Franke Settineri - SAROBA
Secretário de Organização - PT Cuiabá
* Construindo um Novo Brasil - Tendência Interna PT.
** Articulação de Esquerda - Tendência Interna PT
*** Processo de Eleições Diretas - que elege todos os cargos municipais, estaduais e nacionais do partido
**** Diretório Nacional
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