Uma mulher não nasce pronta. O ambiente onde cresce dará a textura - mais delicada ou rústica - porém qualquer delas conservará a sua essência feminina. Será sempre uma flor. Algumas vezes, super-protegida torna-se mais frágil e refém das adversidades; outras vezes, menos protegida, endurecida pelo ambiente hostil se faz forte. Há mulheres que se tornaram adultas sem jamais terem a oportunidade de serem crianças e sonhar. Já aos dez, doze, ou quinze anos, enfim, carregam nos braços novas vidas.
Há mulheres que para sobreviver ou manter sua família foram prostituídas. Quantas foram iludidas com propostas de vida fácil? Quantas perderam o rumo e a vida em países distantes? Há mulheres em toda a história da humanidade, submissas, ordeiras e continuadoras de uma saga que remete aos primórdios da espécie humana, onde a barbárie e o uso da força eram meios legitimados – o macho mais forte subjugando a fêmea.
Houve um tempo, já mais civilizado, em que não se aplicava a força, mas, o pai escolhia o seu companheiro. Não lhe reconheciam vontade, nem autonomia. A situação da mulher na atualidade não é uma dádiva, mas resultado de lutas, de sacrifícios, de muita doação. Algumas viraram mitos, outras anonimamente deram suas vidas. Todas lutavam por um ideal.
A Constituição de 1988 não é um presente envolto em fitas e dado as mulheres brasileiras, nem se deve acreditar na reserva de cotas como solução para as violências e discriminações. Existe toda uma estrutura internalizada, inclusive, na mulher de subserviência a ser superada. Não adianta o direito ao voto, se não votamos em mulher. Não adianta votar em mulher que legitima adota posturas conservadoras. Nem votar em homens de fala macia e de sorriso fácil, mas que internalizaram um vazio de idéias.
Há sempre um desafio à mulher. Há sempre algo a conquistar e modificar e melhorar o mundo. Há que se cultivar flores, para que possa dar suavidade ao mundo e valor à vida.
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