Na praça da cidade os pombos disputam as migalhas. Um pouco mais adiante alguns pares de olhos disputam com o frio vidro que os separa o alimento. Já pelo avançado das horas a barriga começa a produzir estranhos sons e ante a beleza da vitrine dos beiços caem preciosas gotas de saliva. O cheiro de comida entra em suas narinas e como cão doido não mais suportando essa tortura mental sai em desatino. Mergulha a cabeça entre os resíduos que infectam os lúgubres becos de uma cidade sem nome, construída com o cimento armado, esquecendo o amado irmão que campeia na miséria disputando com animais, o que os outros homens lançaram fora.
O homem moderno em que a tecnologia da informação superou a dimensão espaço-tempo não conseguiu superar suas próprias fragilidades. O muro que separa a riqueza da miséria é tão tênue que apenas a palavra violência é capaz de definir. No entanto, ouço brado de comunicadores pedindo prisão perpétua e pena de morte, quando já são condenados tantos brasileiros a terem perpetuamente negado o seu direito a um pedaço de pão.
É preciso coragem para admitir que os benefícios do progresso ainda não alcançaram igualmente a todos. Os programas sociais melhoraram a condição de vida de muitos brasileiros, inegavelmente. Nenhum governo combateu mais a miséria que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ninguém tem mais autoridade para propor o fim da miséria, portanto, que um governo petista.
Dilma ao propor o fim da condição de miserabilidade, desafio que se arrasta no tempo, atende ao que a Constituição de 1988 que possui entre seus primados a dignidade da pessoa humana. Temas pontuais como este apenas identificam na futura Presidente da República indicativos de que estaremos elegendo alguém com sensibilidade capaz de reconhecer naquele menos desguarnecido da sorte um homem que precisa ser resgatado para a dignidade.
Hilda Suzana Veiga Settineri
MUITO LINDO ESSE TEXTO, TO ORGULHOSA DE VC MANHEEE, BEIJO
ResponderExcluir